Importante. Se cá estás e ainda não leu o pequeno conto do post anterior, será mais engraçado se o ler primeiro 🙂
Devo, não nego, pago quando puder.
Essa tem sido uma das máximas que aplico em minha vida. Por mais que essa expressão esteja fortemente relacionada ao “malandro”, não é verdade. Pelo menos aqui. E como todo bom pagador, eu, eventualmente, acabo saldando minhas dívidas.
Faz algum tempo que publiquei o post anterior. Um pequeno conto. O texto era um experimento literário, de certa maneira, ainda que muito pessoal, mesmo sendo um conto. E eu perguntei se vocês seriam capazes de descobrir qual era a característica especial que eu quis dar ao texto.
Nos comentários, como é natural, acabei por descobrir que o texto tinha características que não foram propositais. Por exemplo, que ele aparentava ser um texto fantástico mas que era possível interpretá-lo como realista. Seria ele um texto realista? Um texto agarrado ao realismo mágico? Um texto fantástico, com uma componente sobrenatural, talvez?
Eu sei o que tinha em mente quando escrevi. Mas isso só é importante para mim. Para você, que leu, e que entendeu de forma divergente de mim e de outros, o que importa é se o que você leu fez alguma diferença para si, mesmo que momentaneamente. Para você, o que o texto é para mim e para os outros, não importa.
Entretanto, o experimento em sí é muito mais “neutro” em relação à interpretação, ao mesmo tempo em que não é. Mas por essa razão, e porque uma pergunta que à partida espera que uma resposta seja dada não pode, por qualquer razão que seja, ficar incompleta, eu deixo aqui a solução para o enigma que, pelas respostas, alguns conseguiram perceber, mesmo sem se aperceber que era esse o truque.
Ao ler o texto, conseguias imaginar a cena? Quem era o protagonista? Era eu? Era você? Era “alguém”? Era um homem ou uma mulher? Consegues dizer?
A imagem que ilustra este post quando colocada sob os holofotes do título que lhe dei, tem uma relação muito forte com essa minha tentativa de criar um texto, pequeno, em que a “identidade” da personagem principal esteja incompleta e só possa ser construída a partir da identidade e criatividade do próprio leitor. É um Pato Real na água. Mas porque é que “tem” de ser um pato? Porque é que tem de ser água? Porque não posso ver um escorpião navegando um mar de papel alumínio? Afinal, quem dita as regras?
O exercício foi transportar para um texto em prosa, ainda que curto, uma característica típica dos textos poéticos, que é a capacidade de ser universal. E no caso em concreto, universal ao ponto de garantir que o protagonista possa ser eu. Você. Outra pessoa qualquer.
Terei sido muito pretensioso? Provavelmente. 🙂
1Passei 3 semanas longe de casa, com uma rotina absolutamente desvairada. Sendo assim, estou 3 semanas atrasado nas leituras e comentários dos blogs que sigo. Espero que tenham sentido a minha falta 😛 lol Aos poucos vou colocando a casa em ordem 😉
Não adivinhei! Mas fiquei contente com em saber do truque do efeito poético.
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Pois. Eu inventei isso depois. xD hahahaha
Na verdade, a ideia era ver se eu conseguia um texto em que não fosse possível definir o sexo. Mas depois eu percebi que muitas poesias funcionam exatamente por causa disso… 🙂
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Entendi. Nossa, não definir o gênero deve ser muito complicado. Em inglês temos pronomes pra isso, fica muito mais fácil, além de não existir feminino em adjetivos e substantivos.
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Pois, em Inglês se calhar é mais fácil mesmo.
Mas em Português, a tentação de usar os artigos definidos e pronomes é tão grande…
Isso porque por mais que o texto tenha sido feito para não apresentar o gênero da personagem, na minha cabeça o gênero estava definido… lol
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Hahaha sim, é uma doideira.
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O texto depois de ganhar o mundo do mundo passa a ser em definitivo com todas as possibilidades de leitura possíveis. Pretensioso? De maneira alguma. Grande abraço.
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Obrigado. O medo de cair na tentação de tentar ser o que não se é as vezes mata antes de nascer… 🙂
E não poderia concordar mais. Pariu, é do mundo 🙂
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