Eu raramente “reblogo” o que quer que seja.
Mas este texto, esta poesia, esta dor em linha…
Isso é “do caraças”.E todo mundo tem de ter o direito de o ler…
E pensar.
E olhar para si mesmo.
E talvez até chorar.
E no fim, erguer a cabeça, bendizer a própria sorte.
E com menos ou mais porradas, continar.
queria ter menos cara de quem levou tanta porrada
queria ter a carcaça mais fina
um olhar menos esperando o próximo soco
queria esperar menos o pior de tudo e de todos
queria a dissimulação de quem diz “não, obrigado”
a irrelevância de um estúpido “de nada”
eu aguento, mas eu queria mesmo era ter
menos cara de quem levou tanta porrada
queria ter a sofisticação de uma infância tranquila
a classe da despreocupação
de um fino vestido longo estampado
ajustado a uma pele branquinha e sem eczemas
a esguiez aristocrática de quem não conhece
o gosto do próprio sangue escorrendo nos lábios
nem do sufoco da espera lastimada
eu aguento, mas eu queria mesmo era ter
menos cara de quem levou tanta porrada
eu revido sempre
deixo cicatrizes nos outros
aguento bem o tranco
mas eu queria mesmo era
o silêncio de quem esvazia a…
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